Lideranças Kayapó e Panará participam de encontro de troca de saberes

Coordenado pelo Kabu, o encontro reuniu quatro organizações para um momento de pausa e reflexão
Lideranças Kayapó e Panará participam de encontro de troca de saberes
04.03

União. Essa foi a palavra que marcou o encontro de lideranças do Instituto Kabu, da Associação Floresta Protegida (AFP), do Instituto Raoni e da Associação Iakiô do povo Panará em Brasília no dia 28 de fevereiro (quarta-feira), durante o Encontro Anual de Articulação e Troca de Experiência entre as associações pelo Projeto LIRA – Legado Integrado da Região Amazônica. Coordenado pelo Instituto Kabu, o encontro reuniu as quatro organizações para um momento de pausa e reflexão sobre as ações executadas nos últimos anos e planejamento de ações futuras.

Apesar de suas especificidades, ficou claro os desafios comuns das quatro instituições durante o debate sobre fortalecimento institucional, monitoramento do território, preservação da cultura, o avanço do trabalho das mulheres nas aldeias, educação e saúde, entre outros temas tratados.

Para o presidente do Instituto Kabu, Doto Takak Ire, os parentes precisam trocar suas    experiências de sucesso nas atividades que têm sido desenvolvidas nas aldeias e garantido renda e alimentação para as famílias sem destruir a floresta, como por exemplo a produção de cacau em algumas aldeias da AFP.

Fotos: Raissa Azeredo

Durante o debate, ficou clara a preocupação das lideranças com o consumo cada vez maior de alimentos industrializados e os danos à saúde causada por este tipo de alimentação. O Instituto Kabu compartilhou o desejo das mulheres de aumentarem a produção nas roças para fornecer alimentação para as escolas das aldeias.

O trabalho das mulheres, aliás, recebeu destaque durante a reunião. Inspirada pelo trabalho da AFP, o Kabu compartilhou com os presentes a criação de um departamento de mulheres e a ampla presença delas nos cargos de diretoria da organização. O Instituto Raoni também já tem um departamento exclusivo para elas. Todas as lideranças reafirmaram a importância de ampliar a atuação das mulheres nos projetos e nas tomadas de decisão.

Depois de um dia inteiro de troca de experiências, o grupo reunido em Brasília quer ir além. A proposta é que sejam realizados intercâmbios entre os parentes para que possam aprender em campo como é feito o que está dando certo nas organizações.  Além disso, outra reunião deve acontecer, já em abril, em Brasília, durante o Acampamento Terra Livre.

De acordo com Luis Carlos Sampaio, coordenador do projeto LIRA, “estamos diante de um modelo de encontro entre as organizações Kayapó e Panará, que deve ser contínuo,  com mais trocas de conhecimentos e experiências, sobretudo poder combinar e realizar uma série de ações nos territórios, visando buscar soluções para garantir a sustentabilidade de uma das regiões com populações indígenas, que mais têm sofrido ameaças externas e consequentemente mais alterada pela ação do homem na Amazônia brasileira”.

O encontro foi realizado no âmbito do projeto LIRA. Concebido para aumentar a efetividade da gestão de áreas protegidas como Unidades de Conservação e Territórios Indígenas. O LIRA tem como objetivo também, manter a conservação da biodiversidade, das culturas e das comunidades locais e tradicionais além de contribuir com serviços ecossistêmicos e para minimizar os efeitos das mudanças climáticas.