Comunicadores da bacia do rio Xingu lançam perfil no Instagram em encontro do coletivo

Encontro de comunicadores da Rede Xingu+ reúne 26 jovens em Brasília
Comunicadores da bacia do rio Xingu lançam perfil no Instagram em encontro do coletivo
24.04

Vinte e três comunicadores indígenas, de populações beiradeiros e de quilombolas que participam da Rede Xingu+, se reuniram em Brasília na terceira semana de abril para trocar experiências sobre a realidade de cada território e dar continuidade à soma de forças para  fortalecer as lutas do chamado corredor do Xingu: uma área contígua de cerca de 28 milhões de hectares formada por 21 Terras Indígenas e nove Unidades de Conservação (Parques Nacionais, Reservas Extrativistas, Florestas Nacionais, etc).

A Rede Xingu+ reúne 32 organizações e os comunicadores já participam juntos da cobertura do Acampamento Terra Livre (ATL), produzindo fotos e vídeos desde 2019. Desta vez, o encontro aconteceu antes do ATL. Sob a coordenação do Instituto Socioambiental (ISA), o seminário ajudou os comunicadores a entenderem melhor as questões comuns, com um encontro com representantes do Conselho Político do Xingu+. E também a colocarem a mão na massa aprendendo sobre ferramentas digitais, como o Canvas. Os participantes esboçaram ainda um estatuto para a comunicação da rede e planejaram a cobertura conjunta do Acampamento Terra Livre, de 24 a 28 de abril.

A produção de materiais para o ATL 2023 começou no encontro. Desde o dia 21 de abril, eles passaram a produzir conteúdo em conjunto.  O perfil @comunicadoresxingumais já está fazendo postagens e acompanhando o ATL 2023.

Paikakoo Panhprin, comunicadora do Instituto Kabu, diz que gostou da oportunidade “de conhecer novos parentes que atuam na comunicação de suas regiões e aldeias”. Ela e Po yre Mekragnotire, que trabalha como Assistente de Comunicação do IK, são a dupla de comunicadores do Kabu. Cada organização tem um casal de comunicadores, o que garante a paridade entre homens e mulheres. Além do Kabu, as duas outras grandes associações do povo Mebêngôkré-Kayapó que participam do grupo de comunicação do Xingu+ são o Instituto Raoni e a Associação Floresta Protegida.

A Articuladora da Rede, Sília Moan, acredita que o encontro, além de fortalecer laços, ajudou comunicadores “a aperfeiçoar os seus conhecimentos em produção audiovisual e de conteúdo de textos na troca entre indígenas e beiradeiros, a partir dos seus modos de se comunicar.”

Para se prepararem para o lançamento do Instagram do coletivo, os comunicadores conheceram e trocaram ideias com o influencer indígena Tukuma Pataxó, do povo Pataxó da Bahia. Aos 23 anos, Tukuma é criador de conteúdo digital sobre movimentos indígenas, com milhares de seguidores nas redes sociais e vem quebrando preconceitos em relação às lutas dos povos originários.

As redes sociais têm sido uma forma eficiente para divulgar as lutas indígenas, o cotidiano das aldeias e as histórias ancestrais, segundo Tukuma, que acredita que “comunicação hoje para nós é uma ferramenta de lutas que veio somar”.

Os comunicadores do Kabu vão colocar na prática o que aprenderam no encontro na 19ª edição do Acampamento Terra Livre. Este ano, o tema é “Não há democracia sem demarcação” e há bastante expectativa de que o governo anuncie a homologação de algumas das 14 Terras Indígenas que estão com todo o processo pronto, esperando pelo aval do presidente da República.