De terno e acompanhado pela esposa e pelos filhos, Oyo Mekragnotire recebeu seu diploma e participou da festa de formatura da segunda turma de Pedagogia da Faculdade Metodista Conexional (FACO) no dia 09 de outubro, em Novo Progresso.
O motorista do Instituto Kabu de 41 anos viaja muito para as aldeias, transporta indígenas para as cidades mais próximas e está sempre em movimento por causa do trabalho. Só conseguiu frequentar as aulas porque elas aconteciam nos fins de semana. “Pensei em desistir por causa do cansaço, mas uma das professoras me convenceu a continuar,” conta Oyo.
Ainda jovem, vivendo na aldeia Pykany, ele foi Agente de Saúde Indígena. Se mudou para Novo Progresso com a família, porque queria estudar mais e queria que os filhos tivessem uma educação melhor. Na cidade paraense de Novo Progresso, uma das mais próximas da Terra Indígena, começou trabalhando em um lava-jato. Economizou, tirou a carteira de motorista e, em 2019, foi contratado pelo Instituto Kabu como motorista.
“Temos muitos jovens indígenas hoje que concluíram o ensino médio, que têm conhecimentos na área de tecnologia, e não entendo o motivo de não buscarem uma faculdade. Espero que um dia eles possam ingressar no ensino superior e se formar, assim como eu fiz, porque eles são o futuro, os que vão defender nosso povo”, diz Oyo, que agora cogita voltar um dia para as aldeias e lecionar ou continuar os estudos e fazer um mestrado.
“Quero transmitir para os parentes o conhecimento que adquiri durante minha faculdade. Ensinar as crianças o que elas precisam aprender porque o conhecimento é um importante caminho. Não quero ser o único a ter formação no ensino superior. Precisamos de mais e mais parentes se formando porque assim conseguimos ocupar todos os espaços para defender nossos direitos.”