Seis jovens comunicadores do Instituto Kabu (IK) foram ao Acampamento Terra Livre (ATL) entre 04 e 14 de abril para uma oficina prática de audiovisual com o fotógrafo Lucas Landau dentro do Termo de Cooperação Eletrobrás/Instituto Kabu.
A cada dia eles registraram o que acontecia na plenária da tenda principal, o dia a dia do grande acampamento, a pintura corporal e as apresentações. com destaque para o que estava acontecendo com os Mebêngôkré-Kayapó, que vieram em peso: quase 400 de todo o bloco das Terras Indígenas Kayapó no Mato Grosso e Pará.
Mas o trabalho dos jovens com idades entre 19 e 24 anos, começou bem antes. Nos dias 31 de março e 01 de abril as lideranças vindas das 12 aldeias que integram o Instituto Kabu chegaram à nossa sede, em Novo Progresso. E o Assistente de Comunicação do IK, Poyre Mekragnotire estava lá para registrar em vídeo, os depoimentos deles. Kadjyre Mekrãgnotire, avô dele e benjadjwyre (cacique) da aldeia Krimej, disse que estava indo à Brasília para se reunir com os parentes e defender juntos os direitos e os rios e a floresta. E lembrou: “Os nossos antepassados lutaram por nós e por nosso direito aos nossos territórios. Hoje estamos levando nossos jovens também para a luta, para aprender com a gente, porque não vamos estar aqui para sempre e a luta não pode parar.”
Depois de viajar 2 mil quilômetros do sudoeste do Pará à capital do país, os Kayapó Mekrãgnotí descansaram um pouco no próprio ônibus e fizeram uma apresentação de cantos e danças na tenda principal do ATL, que este ano reuniu mais de 7 mil indígenas de todas as regiões do país.
Para Poyre, o trabalho dos comunicadores é importante por poder levar informações sobre o maior encontro indígena do mundo de volta para as aldeias e também para o resto do país “através de nossos olhares indígenas”. Segundo Poyre, “estamos aqui para desmentir essas mentiras que estão pela internet,” além de levar informação de qualidade para não-indígenas também, “já que a imprensa não vem aqui cobrir”. Ele ficou gratificado em ver posts do Instituto Kabu serem aproveitados e repostados pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e por organizações regionais: “É um sinal de que o nosso trabalho está sendo reconhecido não só pelas lideranças, mas pelos nossos parentes que trabalham na comunicação também”.
Ngreiran Kayapó era a única indígena do sexo feminino e a mais jovem da oficina. Todos os dias ela estava ligada nas plenárias e no que estava acontecendo no acampamento “para registrar aquele momento”. A rotina dela e dos outros cinco comunicadores era pesada. No final do dia, eles tinham que olhar o material que tinham juntamente com Landau e repassavam num grupo as melhores fotos e vídeos para postar nas redes sociais do Ela ainda não sabe bem que profissão vai seguir no futuro, mas a fotografia, descoberta ainda cedo, pode ser a escolha.
Poyre já trabalha no Instituto Kabu e acumulou durante o ATL outras funções: a participação na cobertura realizada pelo coletivo de Comunicadores da Rede Xingu+ e ainda a produção de fotos e textos para posts nas redes da Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa).
“Esta foi a quarta oficina e a primeira que a gente faz num evento. Pela manhã, a gente definia a agenda e foi interessante o exercício de documentar e publicar, porque as pessoas estavam acompanhando em tempo real. O Bepiareti Kayapó estava mandando muito bem nos stories e ficou encarregado disso. A Ngreiran acompanhou reuniões e rituais,” explica Lucas Landau. Ele acredita que ainda vamos ouvir falar bastante do trabalho dos seis, que podem ser vistos nas nossas redes sociais (@Instituto_Kabu e Instituto Kabu no Facebook): “Realmente tem talentos e jovens com facilidade com comunicação visual neste grupo e que devem seguir neste caminho,” completa Landau.