Curso sobre políticas públicas ajuda a fortalecer luta pelas causas indígenas

Lideranças e jovens Kayapó discutiram temas importantes para o desenvolvimento de ações de proteção da cultura e dos territórios
Curso sobre políticas públicas ajuda a fortalecer luta pelas causas indígenas
02.04

Usar o conhecimento como uma ferramenta a favor da luta pelas causas indígenas foi um dos aprendizados do Curso sobre Direito e Políticas Públicas voltado a indígenas associados ao Instituto Kabu e realizado durante quatro dias (entre 28 e 31 de março).

 No total, 09 jovens e lideranças Kayapó-Mekrägnotí participaram da capacitação na sede da Câmara Municipal de Novo Progresso (PA). “Foi muito gratificante participar do curso. Sabemos que o conhecimento é uma ferramenta fundamental para nossas lutas”, disse Bepdjyre Txucarramãe em entrevista após o final da capacitação.

Entre os temas abordados durante os quatro dias estavam desde impactos que as mudanças climáticas vêm provocando nas comunidades e na floresta até formas de planejamento de ações de proteção dos territórios para preservar as terras às futuras gerações. 

“Estamos acompanhando as mudanças do clima. Sabemos que no passado nossos avós, quando faziam as roças, por exemplo, usavam o fogo e isso não era um problema. Hoje o fogo se espalha no meio da floresta. Além disso, a temperatura na floresta aumentou. A diferença é o desmatamento”, afirmou Poyre Mekrãgnotí. 

“Somos guardiões da floresta e vamos continuar lutando por nossos territórios. Vemos que o aquecimento global está aí, mas quem segura para não piorar somos nós, indígenas”, completou Mydjere Mekrãgnotire, vice-presidente do Instituto Kabu.

Mydjere lembrou que os Kayapó vão se juntar aos indígenas que estarão em Brasília no Acampamento Terra Livre (ATL), no início de abril, para lutar contra os vários tipos de pressão sobre os territórios, como os garimpos, o desmatamento e a política anti ambiental do governo federal (veja a programação aqui).

A capacitação também teve o objetivo de preparar e fortalecer as lideranças que estão à frente da luta e participarão do ATL. 

“Um dos objetivos principais foi pensar em como se apropriar do conhecimento do kuben (não-indígena) sem deixar de ser Mebengokre – que é como os Kayapó chamam o seu povo. Buscar uma visão crítica do contexto global e analisar do ponto de vista local”, explicou o antropólogo e educador Daniel Lopes Faggiano, do Instituto Maíra (conheça aqui), que ministrou o curso.

A capacitação foi financiada com recursos do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio)/Fundo Kayapó, no âmbito do Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA).