O Instituto Kabu iniciou no mês de novembro a primeira campanha do Monitoramento de Peixes do Rio Curuaés, chamado pelos Kayapó de “Rio Pixaxá”. No total, haverá quatro ações com o objetivo de construir com as comunidades, de forma participativa, um diagnóstico das condições atuais dos pescados. Serão atendidas cinco aldeias, com 327 indígenas e 66 famílias, que utilizam diariamente peixe em suas refeições.
O trabalho está sendo executado por especialistas da empresa Unyleya Socioambiental, que tem como foco o desenvolvimento de projetos de consultoria com responsabilidade socioambiental e sustentabilidade. O financiamento é do Fundo Kayapó.
A pesca é uma importante atividade para os Kayapó. O Rio Pixaxá, que deságua no Rio Curuá, se estende por cerca de 54 km nos limites da Terra Indígena (TI) Menkragnotí com fazendas de gado e de plantio de grãos, além de áreas de mineração.
Para desenvolver o trabalho, os técnicos estiveram nas aldeias, onde capturaram alguns peixes para realizar a biometria, avaliar suas condições biológicas e de reprodução. Também foram extraídas amostras para análise em laboratórios especializados com o objetivo de verificar se existe contaminação por mercúrio. O alto teor dessa substância em peixes pode causar danos à saúde do ser humano que consumir o pescado contaminado. Entre os principais problemas mais comuns estão mal-estar e doenças gastrointestinais.
Nas próximas ações, será elaborado o mapa de navegação do rio, com identificação dos locais críticos, dos ambientes de pesca, locais de importância cosmológica, espécies de interesse, laudos e apresentação dos resultados.
Segundo o consultor do Instituto Kabu, Luis Carlos da Silva Sampaio, que acompanha as atividades, o monitoramento dos peixes será um aprendizado para as comunidades Kayapó que residem nas margens do Pixaxá, pois devem aprimorar o olhar sobre mudanças que podem ocorrer com as espécies ao longo do tempo.
E os resultados do monitoramento também servirão como uma ferramenta de luta dos Kayapó para manter os peixes e a biodiversidade nas TIs em condições máximas de conservação.
Coleta de peixes durante monitoramento
Imagens: Janaina de Fátima Fernandes