Kayapó Mekrãgnotí voltam a ter voz na política de saúde indígena

Lideranças das 17 aldeias das duas TIs do Polo Novo Progresso reunidas na aldeia Baú elegeram novo presidente do Conselho Local de Saúde
Kayapó Mekrãgnotí voltam a ter voz na política de saúde indígena
03.11

Nos dias 19 e 20 de outubro a aldeia Baú recebeu representantes de aldeias das Terras Indígenas Baú e Menkragnoti para aprovar o regimento interno do Conselho Local de Saúde (CLS) do Polo de Saúde Indígena de Novo Progresso. Os conselheiros também indicaram o novo presidente do CLS, Bepdjo Mekrãgnotire na primeira reunião para tratar da saúde indígena na região, desde que a pandemia começou.

“Estamos aqui para ajudar, não para criticar, culpar ou ofender ninguém,” disse Doto Takak-Ire, liderança da aldeia Pykany e Relações Públicas do Instituto Kabu, que destacou a parceria do IK com a Secretaria Especial de Atenção à Saúde Indígena (Sesai) e as contribuições que o Instituto tem dado ao Polo da Sesai, com sede em Itaituba.  O IK financiou poços amazônicos em todas as 12 aldeias filiadas, ajudou na manutenção e no abastecimento de carros da Sesai durante a pandemia, além de ter comprado um gerador e ajudado na logística para a instalação de concentradores de oxigênio doados aos indígenas em três aldeias e na Casa de Saúde Indígena de Novo Progresso.

O governo federal havia acabado por decreto grande parte dos conselhos federais com participação da sociedade civil em abril de 2019. Entre eles, o Fórum Nacional de Presidentes dos Conselhos Distritais de Atenção à Saúde Indigena. Mas voltou atrás por pressão dos indígenas e, em novembro de 2020, recriou o Fórum através da Portaria 3.021 do Ministério da Saúde.

O Conselho Local de Saúde (CLS) do Polo Novo Progresso elegeu 17 conselheiros para representar cada uma das aldeias das duas TIs. Os mandatos dos conselheiros são de dois anos e presidente e o vice são escolhidos entre eles e só podem ser reeleitos uma vez. Os Mekrãgnoti elegeram Bepdjo Mekrâgnotire como presidente do CLS.

Dentro do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, o conselho local envia propostas para o Conselho Distrital (Condisi), que tem poder deliberativo e é composto por 50% de representantes dos indígenas, 25% por representantes dos municípios, estados e outros órgãos externos e 25% por representantes da Sesai. O Condisi aprova propostas do conselho local, mas precisa ter planos de trabalho com previsão de despesas. O conselho local também tem a função de fiscalizar a atuação do Condisi. O Forum dos Presidentes do Condisi se reuniu pela primeira vez desde 2018 em dezembro do ano passado, assim que foi restabelecido.

“A gente está buscando melhorias na saúde e muita coisa está faltando nas aldeias. Por isso a comunidade está escolhendo seus representantes para buscar melhorias. Ainda não temos água tratada e precisamos de atendimento melhor. Ainda temos problemas com crianças com diarréia. Os médicos visitam, mas não ficam nas aldeias,” contou Bepdjo.